quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Adeus meu príncipezinho

Quando lhe disse adeus, nunca pensou que iria ser assim. Nunca pensou que iria sentir tanta falta dele, dos disparates ditos a altas horas da madrugada, de observar a sua face, de encaracolar os seus cabelos enquanto conversavam, do jeito de olhar, de tudo. Agora tudo parece vazio. A casa parece vazia, o carro parece vazio, a cidade parece vazia, o coração está vazio.

Dizer adeus nunca é fácil. Adeus parece sempre muito sério, para sempre, para nunca mais. Nunca gostou muito da palavra adeus, mas desta vez era a única possível para marcar o fim do que nunca deveria ter tido um início.

Não foi a primeira vez que lhe disse adeus, mas desta vez era com firmeza. Já tinham dito adeus em tantas ocasiões e acabavam por voltar ao ponto de partida. Mas agora tinha que ser um adeus definitivo.

Parece psicologia barata mas quando perdemos algo ou alguém damos mais valor ao que tínhamos e ela começava a perceber agora o quanto sentia a ausência dele, o quanto estava apaixonada por ele.

Para agravar a coisa tinham conseguido ter a pior noite que duas pessoas podem imaginar. Tanto tempo a espera para estarem juntos e de repente quando conseguem ficar sozinhos tudo se transforma num pesadelo. Os corpos estavam ali e as cabeças num lugar distante. O desejo transfigurado num outro qualquer sentimento desconhecido. Foi tudo tão estranho que ela só podia chegar a conclusão de que estava embruxada e não estava marcada para ser feliz nesta vida.

Deitada na cama fuma mais um cigarro e pensa nele, aquele que sabe que jamais poderá voltar a ter junto de si mas que de certa forma é o único que quer perto de si, sem saber se ele quando se deita pensa nela como aquela que quer ter perto de si mas jamais poderá ter porque nunca gostou dela o suficiente para a agarrar com unhas e dentes.

Não consegue dormir. Não deveria ter dado aquela volta na marginal. Não consegue esquecer que a mão dele pode estar numa outra mão que não é a sua. Aquela mão que deveria estar a apertar a sua. Aquela mão que deveria estar nos seus cabelos, na sua face, no seu corpo. Aquela mão que deveria ter nascido só para segurar a sua. Aquela mão que aperta outra mão deixando a sua vazia.

Ela sabe que tem as ideias baralhadas, mas já deveria estar a dormir e de certeza que não são horas para pensar com clareza. Tem que o esquecer e para isso sabe que tem que o recordar todo de uma vez, até a exaustão, para depois partir mais leve.

Senta-se em frente ao computador, apaga a luz, acende mais um cigarro e começa a escrever.

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