sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Eu estou aqui (1)

Ela deveria ter ido ter com ele. Não conseguiu e fugiu para casa. A coragem da noite anterior desapareceu e o álcool também. Aparecer sozinha pareceu-lhe um pouco estranho. Depois de tantos telefonemas e mensagens ficou sem palavras para lhe dizer.

Sentada a ver televisão sente-se perdida. Está a olhar sem ver aquela série das quintas-feiras que gosta tanto. De repente o sinal de mensagem no telemóvel. Abre com medo. Pode ser ele. E é. Estranhou a sua ausência e chama-a com uma só palavra. Dá-lhe um sinal de que está ali, à espera dela. Sente um misto de alegria e tristeza que não consegue perceber. Responde-lhe que não vai aparecer e pede-lhe que se divirta por ela.

Desliga a televisão e vai deitar-se. Na alma a sensação de que pode ter dado o passo errado, mas talvez seja melhor assim. Enquanto anda às voltas na cama espera que o sono venha rápido mas não está a ser fácil. Só pensa que deveria ter ido, sem medos, sozinha.

O telemóvel toca. Acorda estremunhada, olha para a hora tardia e atende sem ver quem é. Do outro lado toca uma música. Ninguém fala. Ouve de vez em quando uma voz que acompanha a música mas não consegue perceber quem é. Mexe-se na cama sem conseguir retirar o telemóvel do ouvido. Quer que seja ele mas tem medo de olhar para o visor e confirmar. A música acaba e instantaneamente desligam. Pouco tempo depois recebe uma mensagem. É ele a desejar uma boa noite. Sorri de uma felicidade que a deixa apreensiva. Ele deu-lhe novo sinal: eu estou e continuo aqui!

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