quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Noites de lua cheia (2)

É nas noites de lua cheia que me sinto pior. Na maior parte das vezes sinto-me invadir por uma sensação estranha que me deixa um gosto amargo na boca e um nó na garganta. Apetece-me gritar ao mesmo tempo que o meu estômago anda as voltas com o jantar e os restos das anteriores refeições.

Mas nem sempre e assim. Lembro-me de noites de lua cheia magnificas. Um fio de mar da cor da prata, a brisa quente, o silêncio da madrugada e eu repleta da sua luz e de esperança e de paixão.

Eu transformo-me nas noites de lua cheia. Fico diferente, abalada. Não sei o que me dá que perco o sono e algo me atrai para as janelas, para as varandas, para qualquer local de onde possa ver essa imensa e redonda lua. Sou capaz de ficar horas a olhá-la, a aguardar qualquer coisa, a meditar, ate regelar, no Inverno, ate ficar dormente, no verão.
Não preciso de pesquisar o calendário para saber que ela se aproxima. Eu sinto. Sinto-me encher tal como a lua. Sinto a crescer em mim um grito que vem das entranhas mas que nunca exauro para o exterior.

Depois ela chega e eu fico nua, despojada de mim, sem jamais compreender o que esta lua grávida de luz provoca em mim.

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